DIA MUNDIAL DO ORGULHO AUTISTA
No dia 18 de junho é celebrado o Dia Mundial do Orgulho Autista, uma data instituída em 2005 pela organização britânica Aspies for Freedom. No Brasil, mais especificamente em Brasília, grupos compostos por pais, familiares e amigos de pessoas autistas também aderiram a essa causa, tornando-a cada vez mais visível e popular a cada ano. Estimativas da OMS (Organização Mundial de Saúde) indicam que existem cerca de 70 milhões de pessoas autistas no mundo, sendo aproximadamente 2 milhões delas no Brasil. O Dia Mundial do Orgulho Autista tem como objetivo chamar a atenção para essa parcela da população neurodivergente, combatendo estereótipos e estigmas presentes na mídia e na sociedade, buscando desassociar a imagem do autista da de uma pessoa doente.
Embora as causas do autismo não sejam totalmente compreendidas, sabe-se que fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante. O autismo é caracterizado por um funcionamento cerebral diverso, o que traz particularidades nas áreas de comportamento, comunicação e interações sociais das pessoas autistas. Alguns comportamentos que podem parecer estranhos para outras pessoas, como a memorização e repetição de trechos de músicas ou filmes sem emitir uma opinião, além de sons e gestos fora de contexto, são comuns entre os autistas. No entanto, em uma sociedade capacitista, essas características frequentemente resultam em manifestações veladas ou abertas de preconceito.
Nos últimos tempos tem havido a pressão da sociedade civil e isso tem feito com que a política se movimente em relação aos direitos das pessoas autistas. Com o advento das redes sociais, muitos autistas encontraram uma voz, através de perfis onde podem falar sobre o autismo sob a perspectiva das pessoas neurodivergentes. Cristiane Muñoz, uma pesquisadora do autismo e autista, destaca o progresso alcançado: "O que eu vejo é que conseguimos muito. Primeiro, as vozes das pessoas autistas ganharam seu espaço, pelo menos nas redes sociais. Agora, há perfis no Instagram de autistas muito importantes, especialmente de jovens autistas, incluindo aqueles que são não verbais. Isso é um salto qualitativo, pois toda a história do autismo foi escrita por não autistas, inclusive o próprio nome 'autismo', dado por não autistas".
Além disso, houve avanços na legislação. A Lei 12.764/2012, conhecida como Lei Berenice Piana, classifica definitivamente o autismo como uma deficiência, o que não estava claro na legislação brasileira anteriormente. Isso impede que pessoas autistas sejam privadas de benefícios destinados a pessoas com deficiência. Outra conquista importante foi a Lei 13.861/2019, que prevê a inclusão de dados sobre pessoas autistas em todos os censos demográficos realizados a partir de 2020 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Esses avanços legais e sociais são fundamentais para promover a inclusão e garantir os direitos das pessoas autistas. Ainda há muito a se fazer para combater o preconceito e a falta de compreensão em relação ao autismo, mas estamos caminhando na direção certa. A conscientização sobre o autismo tem crescido nos últimos anos, e isso tem impulsionado a implementação de políticas voltadas para a inclusão e o apoio às pessoas autistas.
Apesar desses avanços, ainda enfrentamos desafios significativos. O preconceito e a falta de compreensão persistem em muitos setores da sociedade, dificultando a inclusão plena das pessoas autistas. É fundamental investir em programas de capacitação para profissionais, conscientização para a população em geral e apoio adequado às famílias que convivem com o autismo.
Também é importante promover a pesquisa e a divulgação de conhecimentos atualizados sobre o autismo, de forma a desenvolver abordagens mais eficazes e individualizadas para o apoio e intervenção. O envolvimento de todos os setores da sociedade é essencial nesse processo.
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